Pular para o conteúdo principal

EEL: Programa de visitas didáticas da USP passa do mundo real para o virtual e superam expectativas

Por Simone Colombo

 

As visitas didáticas às empresas são um ponto importante para confrontar o estudante de engenharia com o cotidiano das indústrias e o mercado de trabalho.  No entanto, devido à pandemia que assolou o mundo em 2020, por segurança, essa importante atividade foi suspensa dos dois lados. Tanto o recebimento de pessoas externas às empresas foi interrompido quanto os encontros presenciais de alunos foram suspensos pela USP.

 

“No programa de visitas didáticas, a USP contemplava transporte e até diárias para realização de incursões dos estudantes em empresas ou centros de pesquisa e desenvolvimento. Cabia ao professor agendar, solicitar os recursos e conforme a verba, programar a visita”, conta a Profa. Dra. Katia Cristiane Gandolpho Candioto que ministra a disciplina “Processos de Fabricação do curso de Engenharia Física” da Escola de Engenharia de Lorena (EEL) da USP.  A Disciplina, que visa apresentar aos alunos o mundo real de uma empresa e os variados processos de fabricação industrial, teve problemas em 2020. Com a pandemia tudo parou.

 

Em 2021 para dar continuidade a esta atividade essencial para formação dos alunos da EEL, tanto professores quanto as empresas tiveram que se adaptar ao mundo virtual. Por iniciativa da professora Kátia, de modo a não prejudicar o aprendizado dos alunos que estão realizando o curso neste momento, desde o início deste ano letivo, as visitas às empresas têm ocorrido no modo virtual por meio de diversas plataformas digitais disponíveis. Na ocasião, os alunos podem interagir, tirar dúvidas em tempo real e até mesmo fazer um tour virtual com os anfitriões para conhecer a empresa e sua linha de montagem. E o resultado tem sido melhor do que o esperado.

 

Um dos pontos destacados pelos participantes é a economia de tempo e de recursos. “Acho algo diferenciado as visitas on-line, muito aprendizado e uma oportunidade que tinha sido barrada com a Pandemia, e o que acho ainda mais interessante é a quebra da barreira de custo com transporte e a oportunidade de ir à visita não perdendo um dia de aula”, acentua Paulo Vitor Passos Freitas, aluno do curso de Engenharia Física (EF) da EEL.

 

Visita virtual: Höganäs
Visita virtual Höganäs

Outro ponto positivo para os encontros on-line é o fato de que, por este formato, o acesso à informação junto aos interlocutores vence a barreira da timidez e do tempo restrito das visitas presenciais. É o que a Doutoranda em Engenharia de Materiais da EEL, Viviane Costa ressalta “Tive a oportunidade de participar de uma ‘live’ da empresa Höganäs que é a principal fabricante de pó metálico, onde o palestrante, um ex-aluno do curso de Engenharia de materiais da EEL/USP, nos mostrou todo o processo de produção da empresa. Essa experiência de visita técnica on-line ou live funciona muito bem e nos traz conhecimentos bem específicos de dentro da empresa o que, muitas vezes, por vergonha, não conseguimos interagir na presencial.” Pedro Garcez, aluno de EF concorda: “Está sendo de grande proveito, haja vista que é uma forma de nos habituarmos e conhecermos as empresas mesmo em meio ao cenário de pandemia que estamos vivendo”. “Nós conseguimos ver o que estudamos na teoria sendo aplicado na prática e isso é muito legal de ver, a engenharia na prática. Eu tento ir a todas as visitas possíveis, já fui a visitas presenciais da Maxion e Amsted em Cruzeiro/SP, Gerdau-Pindamonhangaba/SP e agora na visita virtual da CSN." Diz a aluna Giuliana Monteiro.

 

O estudante de Engenharia Química da EEL/USP, Guilherme Ricardo dos Reis Rosa ficou sabendo que alunos externos à disciplina também poderiam participar das visitas virtuais. Abraçou a oportunidade e não se arrependeu. “Eu nunca havia participado de uma visita virtual a uma empresa, apenas visitas presenciais antes da pandemia, então não sabia como seria organizado e se o aproveitamento seria o mesmo, contudo posso garantir que a visita foi extremamente enriquecedora, a interação que tivemos com os funcionários da empresa foi imensa”. Guilherme participou da visita virtual à empresa Ericsson onde pode visualizar a linha de produção por meio de uma câmera e ficou muito impressionado com o que viu. “Poder ver a linha de produção das placas e como a empresa está se preparando para o 5G foi incrível!”. E ele atesta “Posso dizer que a interação foi a mesma, me arrisco dizer que foi até melhor, pois às vezes, quando fazemos visitas, devido a ter vários alunos e serem cronometradas, pode ocorrer de alguma dúvida ficar sem resposta. O que não ocorreu. Só tenho a agradecer a professora Kátia pela realização deste projeto que é de suma importância para alunos de engenharia e também a empresa Ericsson pela excelente equipe”, finaliza.

 

Visita virtual: CSN
                                                                       Visita CSN

O Professor e engenheiro de Segurança do Trabalho Bruno L. Cortez de Souza ministra aulas em duas escolas técnicas da cidade e participou de uma das visitas virtuais. “A proposta da professora Katia Candioto em levar os alunos à fábrica, em uma visita virtual, nos mostra que em momentos difíceis precisamos pensar em estratégias que cumpram o nosso objetivo maior - o de ensinar” declara.  “Eu tive o privilégio de participar da visita virtual monitorada e pude conhecer um pouco melhor o processo da CSN e todas as questões práticas, não descritas nos livros”. De acordo com Cortez o aprendizado proporcionado por esta aula diferenciada foi enriquecedor. “Conseguirei abordar nas minhas aulas de segurança nos processos industriais exemplos reais, que só agora pude conhecer” encerra.

 

Neste último bimestre 4 empresas receberam alunos da EEL em “visitas virtuais”:

 

  • Höganäs -  Tema: "Do pó metálico a uma tecnologia inovadora de impressão 3D".
  • Ericsson - Tema: "Tecnologia 5G"
  • CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) – Tema: “Fabricação de aços laminados” – Unidade Volta Redonda/RJ
  • WHIRLPOOL (fusão da Brastemp com a Consul) – Tema: “A trajetória de um estagiário dentro da indústria e os processos de fabricação e montagem de lavadoras, fogões e fornos”.

 

As visitas virtuais continuarão e já estão sendo programadas para o próximo semestre. Elas acontecerão enquanto não houver segurança sanitária para o retorno dos encontros presenciais.  Para o futuro existe a possibilidade de um sistema híbrido de visitas às indústrias, considera a Professora Kátia Candioto. Mas algumas empresas ainda se encontram ressabidas com relação ao sigilo industrial. No entanto, a docente destaca que por meio de reuniões em plataformas digitais é possível levar alunos a indústrias de qualquer lugar do Brasil e do Mundo, nas quais seria praticamente inviável a incursão presencial.