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Prêmio CAPES: Com alternativas sustentáveis para biorrefinarias, pesquisa da EEL está entre as 50 melhores Teses do país

Por Simone Colombo

 

A tese defendida em 2023 pela aluna Carina Aline Prado do Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia Industrial da Escola de Engenharia de Lorena (EEL) da USP foi uma das premiadas na 19ª edição do Prêmio CAPES de Tese 2024. Carina Prado foi orientada pelo Professor Júlio César Santos (EEL). 

 

O resultado saiu em 27 de agosto e coloca o trabalho "Estudo de novas alternativas tecnológicas para Biorrefinarias de bagaço de cana-de-açúcar: pré-tratamento oxidativo assistido por cavitação hidrodinâmica e processos de hidrólise e fermentação sequenciais e simultâneos” entre as 50 vencedoras do Prêmio CAPES de Tese 2024, competindo com 1.632 teses inscritas. A USP teve 11 teses premiadas nesta edição.

Dra. Carina Aline Prado trabalhando com a Biomassa de cana-de-açúcar. Foto: Simone Colombo

A tese desenvolvida no Departamento de Biotecnologia da EEL tratou do desenvolvimento de técnicas de pré-tratamento de bagaço de cana-de-açúcar (pode ser aplicado a outras biomassas vegetais) que emprega processos assistidos por cavitação hidrodinâmica.

 

O orientador do trabalho, Prof. Júlio César explica que para usar a biomassa vegetal como matéria-prima em processos como a produção de etanol, xilitol, polímeros, pigmentos e outros compostos de interesse, é necessário um pré-tratamento que viabilize o seu processamento industrial. “Este pré-tratamento favorece a liberação dos açúcares presentes no material em uma forma que possa ser usada por microrganismos para obtenção destes produtos por via biotecnológica”, afirma.

 

De acordo com os pesquisadores, há diversas técnicas de pré-tratamento, estudadas há décadas. No entanto, mesmo com muitas opções, esta etapa ainda é limitante do uso de biomassa como matéria-prima, sendo fundamental que haja estudos que visem o desenvolvimento de novas alternativas. Uma opção que tem potencial para redução nos custos do processo, permitindo operação eficiente em condições brandas de pressão e temperatura, é o uso da cavitação hidrodinâmica.

 

Prof. Dr. Julio Cesar Santos e Dra. Carina Prado. Foto: Simone Colombo

 

“O grupo de pesquisas da EEL/USP é um dos pioneiros, em âmbito mundial, na aplicação de cavitação hidrodinâmica para o pré-tratamento de biomassa lignocelulósica”, diz o Prof. Júlio César. “No caso específico da tese da Dra. Carina A. Prado, a cavitação hidrodinâmica foi associada, de forma inédita, a processos oxidativos avançados (POAs) em meio com pH ácido e neutro, resultando em aumento de eficiência e menor tempo de pré-tratamento”, completa. Segundo ele, o bagaço pré-tratado foi empregado para produção de compostos de interesse usando configurações inovadoras, como hidrólise e fermentação em reatores de coluna interconectados para produção de etanol e processos sequenciais de produção de etanol e xilitol. “Há, assim, potencial de contribuição no desenvolvimento de novas alternativas para biorrefinarias de materiais lignocelulósicos, as quais são fundamentais para a transição da sociedade para uma bioeconomia sustentável”, conclui o pesquisador.

 

A autora da tese receberá uma bolsa CAPES com duração de até um ano para realizar o estágio de pós-doutorado no Brasil, um certificado e uma medalha. O orientador, os coorientadores e o programa de pós que gerou o trabalho também serão premiados. 

 

Dessa lista de 49 vencedores, 3 receberão o Grande Prêmio CAPES nas áreas de: Humanidades, Ciências da Vida e Ciências Exatas, Tecnológicas e Multidisciplinares. O resultado será divulgado em dezembro.